
O livro “Madrich”, de Nessim Hamaoui conta, de maneira leve e envolvente, histórias de sua infância e adolescência, até chegar à vida adulta- uma vida marcada pelo envolvimento com a comunidade judaica.
O livro – que impressiona pela riqueza de detalhes dos acontecimentos que permanecem bem vivos na memória do autor – vai desde seu primeiro contato com o movimento juvenil na CIP, com relatos de atividades e amizades até sua vida adulta.
Recém- chegado em São Paulo, refugiado vindo do Egito encontrou seu espaço comunitário na Congregação Israelita Paulista, onde atuou de maneira intensa como ativista, membro dos conselhos e diretorias e finalmente sendo Presidente de seu Conselho Deliberativo.
Lembra de sua participação na temporada do “Violinista no Telhado”, musical encenado em 1992 além de sua ida a Israel por um ano como voluntário no programa “Shnat Sheirut”.
Hoje mais conhecido como diretor do Projeto Kadimah , que engloba Periódicos e publicações de livros e sites focados em conteúdo judaico ele responde a algumas perguntas:
Porque o livro se chama Madrich?
Foi através da minha participação dentro da tnuá (movimento juvenil) que começou meu trabalho de ativista e ser madrich foi essencial para minha formação.
Acredito que os movimentos juvenis são os maiores formadores de líderes para a nossa comunidade e tento mostrar isso no meu livro. Na verdade eu queria ter escrito este livro uns 30 anos atrás para eventualmente influenciar minhas filhas a participar do movimento. Mas não foi preciso já que as duas participaram ativamente da Chazit, Avanhandava e dos Campos de Estudos Fritz Pinkuss na minha Congregação.
Então por que agora?
Quando escrevi o livro “Charles e Louly” em 2007 sobre minha família, que saiu do Egito e veio para o Brasil encontrar seu porto seguro, percebi como é importante deixar registrado o que tinha acontecido para que as próximas gerações saibam sobre suas raízes. No caso da vida comunitária pensei como é importante mostrar o que um madrich preparado pode realizar e ajudar dentro da comunidade. O investimento na educação não formal é bem modesto e tem trazido para a comunidade muitos líderes e ativistas. Nomes como Sidney Klajner (Einstein), Sergio Simon (Museu), Fernando Lottenberg (Conib) são bons exemplos. Mas tem muito mais.
Como o livro se desenvolve?
O livro narra minha participação comunitária, mas mostra também o funcionamento do movimento juvenil com sua dinâmica e suas características ideológicas com sua ação formadora produzindo indivíduos melhor preparados para o mundo que vivemos. O jovem vive dentro de um processo educativo criativo, com informações sendo discutidas e analisadas o tempo todo. Ele parece livre e solto, mas está focado em sua caminhada. Minha história é apenas uma amostra de tantos que foram formados dentro do movimento juvenil e me orgulho de ter tido a oportunidade de participar com tantos chaverim-(companheiros) dos quais muitos ainda mantenho contato até hoje, e muitos são meus grandes amigos.
Temos até um grupo no Facebook “Somos sempre Chazit Hanoar” com mais de 1.500 chaverim.
O livro só fala da sua juventude ou também toca na fase adulta?
Claro que falo do meu envolvimento na comunidade como adulto que foi muito mais intensa, pois dediquei sempre uma parte do meu dia para o ativismo comunitário. Participei do movimento universitário – inclusive indo para Miami para um seminário com jovens da América; fiz parte da delegação brasileira no Congresso Judaico Mundial em 1975. Assumi papel importante nos Conselhos e Diretoria da CIP, e tantas outras atividades que deixo para os leitores descobrirem como foi importante ser idealista da causa judaica.